“Muita gente só prestou atenção em mim depois que eu quase morri” - Entrevista com Svit

As vezes, pequenas coisas nos fazem repensar o caminho que estamos trilhando em direção ao nosso maior sonho, ao nosso maior objetivo. Pra algumas pessoas, uma noite ruim, uma discussão, um contratempo, esses fatores podem ser determinantes na desistência de uma meta. Pra outras, nem cair do quarto andar de um prédio causa um abandono da missão. O rapper Svit, da baixada santista, voltou à cena do Rap Nacional recentemente com o lançamento do seu single  "A volta dos que não foram", que marca o começo de uma nova fase na carreira do músico, logo após sua experiência de quase morte.

Svit no clipe de "A volta dos que não foram". (Foto: Divulgação)
O MC de 18 anos, representante do selo “Audácia Rec.” e parceiro de DJ Cuco no selo “Estúdio Bombando”, bateu um papo conosco pra falar de seu começo no hip-hop, de como o acidente afetou sua identidade, de suas famosas ego-trips, e principalmente, dos sonhos que não foram interrompidos nem por uma queda tão brusca. Confira a entrevista:

STARBOX: Como foi seu começo no rap?
SVIT: Ah mano meu começo foi difícil e sozinho tá ligado? Tinha 14 anos, vontade fazer arte, ser visto e só, comecei nos evento de garagem, observando e aprendendo muito. Sempre fui focado e sempre que tinha oportunidade de gravar som, cantar ou ganhar algum tipo de visibilidade, eu tava lá. Depois dos eventos de garagem, começou a ter as batalhas de Mc's aqui na baixada e eu me joguei no mundo do freestyle porque via como vitrine pra ser visto e depois poder mostrar pro público o meu trampo de verdade. 



Com o tempo meu trabalho só cresceu, meu nome nas batalhas também, comecei a conquistar o público, alcancei e calei a boca de muita gente que já tava na cena quando eu comecei e não dava nada pra mim. E de 2014 pra cá eu conquistei respeito de geral e consegui criar uma base pra eu começar a trabalhar de verdade.

S: Quais as principais diferenças entre o SVIT que começou a rimar, é o SVIT depois de tudo que rolou? O acidente, o retorno e etc.
SV: A forma de ver a vida sepá, a maturidade e os conflito interno, tá ligado? A identidade ainda é a mesma, o ego ainda é o mesmo. Só que vi que não da mais pra perder tempo brincando e quero aproveitar que agora o público tá prestando mais atenção em mim e o hype que esse acidente deu, seja isso bom ou ruim, pra mostrar o que posso fazer de verdade e crescer com isso, criar um trabalho mais sólido tá ligado?

S: Tua egotrip é algo bem notório, desde sempre. Tu acha que agora, depois dessa superação, você tá com uma auto-afirmação ainda maior?

SV: Ah, com certeza tá ligado? Sempre exaltei o ego, sei que como tudo na vida ele pode fazer mal, mas tenho aquele pensamento de: "Se eu não me achar foda, quem vai?". E querendo ou não o público ama isso, sempre ganhei reconhecimento por causa dessa "identidade egocêntrica", e uso isso ao meu favor. 


O rapper se apresentando ao vivo: Auto-afirmação como característica primordial. (Foto: Divulgação)
E não é qualquer um cai do 4° andar e sobrevive, eu cai e sobrevivi e vou usar isso ao meu favor, não querem que me vejam como coitado que quase ficou sem andar, quero que me vejam como vaso ruim, resistente que se quebrou e em 3 meses tava novo fazendo show e gravando! Prefiro me gabar por isso do que chorar tá ligado? O público já admirou outros rapper como fodas por sobreviver a acidentes graves, como Tupac, 50 Cent, entre outros, então que me admirem também. 

S: Quais são suas maiores referências, musicalmente?
SV: Eu sou neto de músico tá ligado e graças ao meu vô escuto de tudo não só rap. Hoje em dias minhas maiores refêrencias são: Russ, Sant, Tim Maia, Charlie Brown, James Brown, Mille Davis, Cazuza, Rolling Stone's, Billy Idol, Beatle, Elvis, Beach Boys, etc.

S: Quais são as suas metas, tanto a curto quanto a longo prazo, como artista?
SV: Fazer arte, viver de música, montar meu estúdio, fazer minha crew crescer, levantar artistas que boto fé comigo, incentivar geral a trabalhar, porque respeito quem trampa. E influenciar nossa geração a sonhar, ser rebelde, no sentido de fazer o que quiser, tá ligado? 

Quero marcar nossa geração, entrar pra história e ser reconhecido pelo que sou, afinal, sou melhor em ser eu e me vejo como alguém único e acima da média, sei a diferença de fazer produto cultural e comercial e sei que sei fazer os dois, espero um dia ter um público grande e que esse público reconheça isso.



S: Depois do acidente, durante sua recuperação, você escutou muito rap? Chegou a escrever alguma coisa?
SV: Escutei mano, não só rap, muita música, eu fiquei 2 semanas no hospital e 2 meses e meio em casa, me recuperando e sem conseguir levantar da cama nem pra ir no banheiro tá ligado, então aproveitava esse tempo pra refletir e tentava me ocupar ouvindo som, estudando música e arte e aproveitei o tempo pra escrever muita fita, esse som "a volta dos que não foram" mesmo eu escrevi deitado numa cama hospitalar e tudo que falo nele é real, eu já sabia como ia ser meu retorno e achei engraçado como muita gente só prestou atenção em mim depois de eu quase morrer.

S: Você levou algum aprendizado de toda essa situação?
SV: Ah mano, com esse acidente descobri que sou imortal tá ligado? (risos) Mas falando sério, levei bastante aprendizado disso tudo mano, sei que foi tudo necessário, iria acontecer uma hora ou outra. Antes do acidente eu tava frustado, em depressão, vivia em rolê, me drogando pra esquecer a frustração um pouco, mas depois ela voltava. Achava que podia morrer a qualquer momento que tanto faz, já via como se tivesse realizado tudo que queria no rap, menos grana e fama num tamanho grande.

Depois do acidente vi que não era pra eu morrer agora e que tenho muita coisa pra fazer aqui ainda, parei de por tanta expectativa nas coisas porque isso gerava frustração e me impedia de tá 100% feliz, comecei a valorizar mais a vida e parei de dar tanta proporção a problemas pequenos. Hoje só quero viver, trampar e fazer minha arte tá ligado.

S: O que você gostaria de dizer pra quem ouve teu trabalho?
SV: Ah eu tenho muita coisa pra dizer mas no geral é: Não seja um "público sádia que só valoriza presunto", tipo os artistas tão ai tá ligado, trampando, não valorizem eles só depois que morrerem ou que vocês quase perderem ele.

Valorize os artistas que vocês curtem, principalmente se for da sua área, todo apoio é necessário e é frustrante ver alguém perto de tu falando que curte teu trampo mas só divulgando os trampo de fora, ou as vezes em vez de divulgar teu trampo que ele diz que gosta tu ver a pessoa divulgando um trampo de fora falando mal; Se você mesmo, venda o que você é ache isso foda, se ame! E Sonhe sempre que possível, sonhos são necessário e nada é impossível, o mundo é nosso!


Essa entrevista foi postada originalmente no dia 28 de Agosto de 2017, na nossa página do Facebook. Se você deseja receber nosso conteúdo não só pelo site, você pode nos seguir no Instagram, no Twitter, curtir a nossa página no Facebook e assinar o Feed dos nossos podcasts. Nesses locais, você encontrará conteúdos diferenciados todos os dias, e nos acompanhará mais de perto. Não deixe de conferir!

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