Kaepernick, LeBron e Tiago Leifert: Política e esporte se misturam SIM!

Há alguns dias, ocorreram casos de jornalistas tecendo suas opiniões (extremamente rejeitadas pelo público) sobre manifestações dentro do esporte. Especialmente, Tiago Leifert e seu texto na GQ Brasil, intitulado “Evento esportivo não é lugar de manifestação política”. No desenvolvimento de seu texto, Tiago citou o caso de Colin Kaepernick (que irei resumir daqui a pouco) como exemplo. Segundo Tiago, “Trump ficou pistola, os torcedores conservadores também... Independentemente do que você, leitor, ache, Kaepernick está desempregado. Nenhum time quis esse “troublemaker” no elenco. Como eu estava dizendo, quando esporte e política se misturam…”.

O protesto de Kaepernick: Homem do ano, e desempregado. (Foto: Fortune)
Com um público relativamente pequeno no Brasil, a NFL não nos encanta com seu jogo cheio de regras e “complexo” para o público que está acostumado com a emoção de um gol, no futebol, ou a explosão de um bloqueio, no vôlei. Colin Kaepernick, atualmente sem clube, foi conhecido mundialmente por seu ato de protesto antes do início de cada jogo da NFL. Isso começou em 2016, quando se ajoelhava durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos. Segundo o jogador seus protestos eram motivados contra desigualdade e brutalidade racial, em alguns casos, contra a repressão policial.

O ato do jogador deixou o público dividido entre quem apoiava e quem considerava um desrespeito. Na temporada 2017, o ex-quarterback dos San Francisco 49ers não conseguiu um time para jogar, porém, foi considerado pela GQ dos EUA como o Homem do Ano de 2017. Eu tenho certeza absoluta que a primeira reação de muitas pessoas ao ver o protesto de Colin, foi: “Pra quê ele está protestando contra isso? Eu duvido que ele sofra. Ele é rico!”. Sim, Colin Kaepernick é rico, ele não sofre o mesmo que um cidadão negro que trabalha 10 horas por dia pra se sustentar, porém, ele tem um sentimento chamado empatia, que o coloca no lugar do mesmo negro que sofre repressão policial e desigualdade.

Provavelmente ele também sofreu tudo isso quando era apenas mais um anônimo. Para muitos, Colin “sacrificou” sua carreira por causa de seus protestos, que, inclusive, duram até hoje. Para mim, ele guardou seu lugar na história do esporte. Antes do All-Star Game desse ano, LeBron também teve que lidar com mais uma pessoa que só olha para o próprio lado. Laura Ingraham, comentarista política da Fox News, considerada como conservadora, disse: “Somos obrigados a ouvir comentários políticos de alguém que ganha 100 milhões de dólares por ano para arremessar uma bola. São ótimos atletas, mas guardem suas visões políticas para vocês. Como alguém já disse antes, calem a boca e driblem.

LeBron rebateu, e com toda a razão, e disse: Sou mais que um atleta. Nós definitivamente não vamos calar a boca e driblar. Eu significo muito para sociedade, pra juventude, para tantas crianças que acham que elas não têm uma saída. Eles precisam de alguém para liderá-los e tirá-los da situação em que estão”. LeBron se mostra completamente contra o governo de Donald Trump, e contra algumas questões polêmicas, como o porte legal de arma. Ele, além de ser considerado o melhor jogador de basquete da atualidade, é também um ícone da comunidade negra, inclusive das crianças, que em alguns casos são ajudadas diretamente por LeBron, que é filantropo.

É como no filme do Pantera Negra. O quão legal é que as crianças vejam isso, que tenham esse super-herói? Bem, LeBron já faz isso por muito tempo. Quantos milhões de dólares ele já doou e quantas milhões de crianças ele já inspirou? Ele é muito, muito especial.

O futebol, por exemplo, surgiu no Brasil como um esporte de elite, e que aos poucos, se tornou do povo, de todas as raças, de todas as classes sociais. Tiago termina seu texto dizendo: “Tem muita coisa contaminada por aí. Precisamos imunizar o pouco espaço que ainda temos de diversão. Textão é no Facebook. Deixem o esporte em paz”. E na minha opinião, o esporte serve sim como válvula de escape, mas, não podemos nos desligar quando estamos assistindo a uma partida no estádio, ou até mesmo em casa, não podemos esquecer do mundo que vivemos. 

Um espelho para os jovens negros: LeBron é mais que só dribles. (Foto: KTEP)
O esporte salva vidas, tira pessoas da miséria, sustenta famílias. O caso mais famoso de manifestação política no esporte foi o de Jesse Owens, atleta negro que ganhou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim, no ano de 1936. Owens, além de voltar pra casa com quatro medalhas, deixou Hitler, que pregava que sua raça ariana (loiros de olhos claros) era superior às outras, em choque. Segundo Jesse Owens, a maior frustração dele não foram as atitudes de Adolf Hitler, o desprezando, e sim o então presidente norte-americano, Franklin Roosevelt, que não o mandou nem um telegrama de felicitações. 

O esporte é, talvez, uma das formas de inserção social de maior eficácia que exista. Seu esportista favorito não é um robô. Assim como você, ele precisa se alimentar, se sustentar, e principalmente, expor suas opiniões e propósitos. No Olimpo em que a maioria de seus Deuses são negros e vieram do nada, se calar é a última coisa que precisa ser feita.

Se você deseja receber nosso conteúdo não só pelo site, você pode nos seguir no Instagram, no Twitter, curtir a nossa página no Facebook e assinar o Feed dos nossos podcasts. Nesses locais, você encontrará conteúdos diferenciados todos os dias, e nos acompanhará mais de perto. Não deixe de conferir!

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.